Leilão do 5G pode ficar para o final do ano que vem
NOTICIAS - 24/10/2019

O Brasil já não estava necessariamente na vanguarda quando o assunto era a chegada da tecnologia 5G. E, agora, as conexões de quinta geração podem demorar ainda mais para chegarem por aqui. Pelo menos, deve ser esse o resultado direto de uma série de mudanças propostas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para o leilão das frequências, que agora, pode ficar apenas para o quarto trimestre do ano que vem.
Em sua principal medida, Aquino divide o Brasil em 14 regiões e sugere uma venda de frequências sequencial, com algumas das faixas não sendo vendidas de forma nacional. Outra grande mudança diz respeito à reserva de faixas para operadoras pequenas ou novas empresas que ainda não tenham presença no Brasil, com base em um compromisso de abrangência e um pagamento antecipado em dinheiro, equivalente a 10% do valor do espectro.
Outras normas obrigariam empresas interessadas em faixas de grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, a também adquirirem setores dos estados do Norte e Centro-Oeste. A nova proposta de Aquino também altera os prazos de outorga e estabelece um regime específico para cada frequência ou região, com prazos máximos de 15 anos renováveis por, no mínimo, cinco e, no máximo, dez anos.

Ainda, a sugestão é por um leilão que leve em conta não apenas o aspecto financeiro, como também os compromissos de cobertura, que devem ser registrados em edital e verificados periodicamente pela Anatel. As disputas acontecerão caso a caso, com o uso de lances no escuro, múltiplas rodadas ou CCA, termos que podem atrasar a revelação de resultados e vencedores, tornando o processo mais lento como um todo.
De acordo com a agência, os novos parâmetros exigirão análise minuciosa e estão atualmente sob pedido de vistas. Após análise de Campelo, ele também precisa passar por consulta pública e análises técnicas da Anatel, bem como pela Procuradoria Federal Especializada, um órgão da Advocacia-Geral da União que também está envolvido no processo. A primeira etapa dessa nova análise deve começar em dezembro, mas essa é uma previsão otimista, conforme aponta a própria reguladora.
Se tudo seguir nos conformes, o processo público deve durar até fevereiro e, depois, passar cerca de seis meses sendo avaliado pelas áreas técnicas e diferentes órgãos federais, enquanto um edital é composto;. O procedimento também precisa ser aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), antes que o leilão seja autorizado a acontecer. Daí a expectativa de que o processo só aconteça daqui a um ano.
Tal demora é tudo o que o governo não quer, uma vez que, no atual cenário, já é difícil manter o interesse dos investidores e operadoras quanto à implementação do 5G no Brasil. A administração federal não quer nem saber de mais um adiamento no leilão, com a Anatel, agora, correndo contra o tempo para realizar as análises técnicas para que o processo possa seguir adiante.
Por Felipe Demartini | 23 de Outubro de 2019 às 11h30
Fonte: https://canaltech.com.br/telecom/leilao-do-5g-pode-ficar-para-o-final-do-ano-que-vem-153301/